1 de maio de 2013

O que somos em comparação ao Universo?

 

Esses dias estive pensando na minha insignificância no universo... Então eu vi essa frase no meu Facebook: “Olhe para nós, somos formigas ególatras que vivem num pontinho do sistema solar, que é um pontinho na galáxia que, por sua vez, é um pontinho do universo. E apesar de tudo isso ainda acreditamos que somos importantes, extremamente significantes.” 
 O pensamento acima, talvez não escrito dessa forma, é algo diferente nas reflexões racionais. Porém, como grande parte das filosofias, é um pensamento que reflete nada mais ou menos verdadeiro que um ponto de vista acerca do ser humano e seu intelecto, perante a vastidão material do universo. Poderíamos chamar de um tremendo reducionismo que o ser faz sobre ele mesmo, levando em consideração que o ser humano é mais do que sua carne e osso. Seria esse um ponto de vista inválido? Acho que não podemos dizer isso. Mas ao mesmo tempo, por meio de um ceticismo positivo que busca encorajar o ser em suas potências, frente ao niilismo negativo (uma forma perigosa de ceticismo), podemos apresentar outra opção. A outra opção consiste em observar o ser sem compará-lo com o contexto material, ainda que levando-o em consideração. Mas desta vez sem uma hierarquia material, sem diminuir a existência ou intelecto humano apenas por ela não ser do tamanho de uma galáxia, universo ou um Deus. Afinal, aquele dotado do pensamento da introdução só ficaria satisfeito se ele conseguisse essa empreitada, não é mesmo? Tornar-se um Deus, para significar algo perante o universo. Então antes de mais nada, podemos nos perguntar: O que somos perante nós mesmos? Já que perante o universo somos milhões de vezes menores que formigas comparadas a elefantes, seria inútil buscar a importância do ser para o universo. Aliás, mesmo que o homem fosse do tamanho mil galáxias, não faria qualquer diferença, uma vez que a natureza do universo é indiferente, não importa o tamanho do objeto em questão, nem a quantidade de potência que ele tem. Seria isso uma busca emocional (uma carência tão conhecida) do humano, por reconhecimento de algo superior a ele, mas interrompida por sua razão? Somos tudo, perante nós mesmos. Aliás, ao auto-analisar o próprio ser em relação a ele mesmo, a mente encontrará o exato tamanho de todas as coisas que ela considera como reais, podemos entender isso a partir de um ponto de vista racionalista hegeliano ou a partir da ideia platônica da parede da caverna. Não estamos falando, portanto, da existência da realidade concreta perante o ser humano e seu intelecto, mas sim da existência da percepção da realidade por meio do intelecto humano. Embora sejam dois pontos idealistas, são passíveis de validade e claro, utilidade. Explico: Ao observar uma montanha, pode-se pensar no quão enorme ela é na realidade, ou o fato de que, dentro da mente, a ideia da montanha possui o mesmo tamanho que a ideia de um rato, ou a ideia de uma bactéria. É a diferença entre um ente real (montanha enorme) e um ente de razão (ideia da montanha, dentro da mente humana). Ideias variam em complexidade, mas elas não possuem uma medida em extensão material, seria apenas mais uma ideia sobre uma ideia, nos fazendo perceber o tamanho do objeto perante a realidade. Partindo desse ponto, voltamos à problemática anterior: O homem, enquanto ente real, é ínfimo perante o universo, e nenhum pouco importante. Mas enquanto ente de razão ou seja, a consideração idealista de si mesmo, o homem possui o mesmo tamanho (ou o mesmo “nenhum” tamanho) que o próprio universo e, ao menos para si mesmo e dentro de sua própria mente, o homem é tão importante quanto o universo, só não é mais, pois sabe eternamente que sem o universo ele mesmo não existe, nem enquanto ente real e nem como um ente de razão. Agora, falando do significado do ser humano, podemos utilizar a mesma lógica. Perante o ente real do universo, o homem nada mais é que um micróbio num grão de areia na praia, até menos do que isso. Porém enquanto ente de razão, ele é vida, dentro de um universo de matéria não-biológica, ele é pensador, dentro de um universo não-pensante, ele é descobridor, dentro de um universo a ser descoberto, ele é sentir, dentro de um universo desprovido de sentimentos. O homem chega a ser, então, a evolução de todo um universo, a modificação da matéria a níveis nano e cada vez mais complexos de forma a gerar fenômenos únicos, por meio de seu tempo de vida, que o universo, sem um ente intelectual tal como o homem, não poderia gerar em trilhões de anos. Além disso, o homem possui uma capacidade que o universo não tem: A de atribuir significados às coisas. Claro, o universo não precisa dessa capacidade para existir, ele significa-se eterna e absolutamente por si só, sem a necessidade de uma ação intelectual para fazer isso. Ainda assim, a criatividade humana abre espaço para significações únicas, que nem mesmo máquinas analíticas são capazes de fazer. Ele cria significados inusitados sobre a matéria, o homem, de uma árvore, faz poesia. Claro que, resumindo tudo isso, é muito mais simples dizer: Diante de uma vida sem sentido ideológico imanente, apenas biológico (que significa-se por si mesmo), o homem possui uma capacidade esplêndida: A de criar sentido para a própria vida, uma vez que o universo, ainda que gigantesco, não fará isso por ele. Portanto, importe-se consigo mesmo, e não em comparação com o universo, deixe que o universo se importe com ele mesmo (algo que ele nem mesmo fará), pois a sua vida, para você, é extremamente mais importante do que a sua vida, para o universo. 

Beijinhos, Rafinha!!!

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