No final do século
XVIII, o Parlamento inglês recebeu a proposta de uma lei que tentava impor
sobre as mulheres a mesma penalidade por adorno que era imposta por bruxaria.
O termo desobrigava de suas responsabilidades os maridos que haviam casado
com uma "máscara falsa": "Todas as mulheres que à partir deste
ato tirarem vantagem, seduzirem ou atraírem ao matrimônio qualquer súdito de
Sua Majestade por meio de perfumes, pinturas, cosméticos, loções, dentes
artificiais, cabelo falso, lã de Espanha, espartilhos de ferro, armação para
saias, sapatos altos ou anquilhas, ficam sujeitas à penalidade da lei que
agora entra em vigor contra a bruxaria e contravenções semelhantes e que o
casamento, se condenadas, seja anulado..." É hilária a carta publicada
no jornal britânico The Spectator, no ano 1711, onde um marido aflito
desabafa... "Senhor, estou pensando em largar minha mulher e acredito
que quando o senhor considerar o meu caso, a sua opinião será a de que minhas
pretensões ao divórcio são justas.
Nunca um homem foi tão apaixonado como eu pela sua fronte, pescoço e braços
alvos, assim como a cor azeviche de seus cabelos. Mas para meu espanto
descobri que era tudo feito de arte: sua pele é tão opaca com esta prática,
que quando acordou de manhã, mal parecia jovem o suficiente para ser mãe de
quem levei para a cama na noite anterior. Tomarei a liberdade de deixá-la na
primeira oportunidade, à menos que seu pai torne sua fortuna apropriada às
suas verdadeiras , e não supostas, feições..." O rei Henrique VII
mandava os pintores retratarem suas pretendentes matrimoniais, pedindo também
às pessoas que cercavam a rapariga que respondessem um extenso questionário
sobre a futura esposa.
As instruções previam saber como era o rosto, se estava pintada e se havia
algo "perto dos lábios", referindo-se ao uso de batons e brilhos.
Elizabeth I, a rainha virgem, que assim ficou famosa por ter morrido sem se
casar, usou até o final de seus dias as faces cobertas de branco, as maçãs
pintadas com círculos vermelhos bem definidos e a cabeça coberta por uma
peruca de cabelo ruivo e dourado.
Como
já era de se esperar para os padrões daquela época, a igreja havia
achado o novo alvo das críticas, que infelizmente era a queridinha das
mulheres: a maquiagem. Pelas mulheres maquiadas chamarem mais atenção
dos homens, o Clero, provavelmente, achou que aquilo não envolvia
somente produtos de beleza, mas sim um feitiço para seduzir os galãs da
antiguidade. |
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Observem o meu feitiço:
Sombra, batom e lápis de olho..Façam aquele padre ficar caolho!
E
a vaidade vence... |
Mas apesar da postura
radical da igreja e dos costumes rígidos,
com os desenvolvimentos científicos
o ato de pintar os lábios tornou-se
moda desde o século XVII, quando as
pomadas coloridas tornaram-se mais acessíveis
e seguras. Ainda no século XVI a preocupação
com higiene pessoal foi deixada de lado, o
que ironicamente contribuiu para o crescimento
do uso da maquilagem e dos perfumes.
O primeiro estilista surgiu no século
XIX, quando um verdadeiro artista traz uma
nova fonte de prestígio à moda;
Charles Frederick Worth abriu sua loja em
Paris em 1858, para vender modelos de casacos
e sedas de primeira classe. A imperatriz Eugénie,
esposa de Napoleão III era sua mais
famosa cliente. Em 1885 é fundada a
Chambre Syndicale de la Couture Parisienne,
regulamentando a arte da alta costura. Paul
Poiret, Madeleine Vionnet, Coco Chanel, Christian
Dior, Cristóbal Balenciaga, Hubert
Givenchy são alguns dos nomes que mudaram
a história da moda no mundo, causando
a necessidade de uma mudança de patamar
na indústria de produtos para maquilagem. |
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Durante os 100 anos seguintes Paris firmou-se
como autoridade em moda, trazendo para o mundo
da maquilagem um novo alento. Podemos dizer
que a popularização da moda
aconteceu em 1892, com o lançamento
da revista Vogue, tendo em seus primeiros
números personalidades como Gertrude
Vanderbilt Whitney, vestindo suas próprias
roupas. Quando Condé Nasta comprou
a revista, em 1909, a publicação
passa à ter um enfoque mais atraente,
mostrando objetos do desejo para todas as
mulheres.
É somente no século XX, com
os avanços da indústria química
fina, que os cosméticos se tornam produtos
de uso geral. Em 1921, Paris é palco
de uma verdadeira revolução
na história do batom; é primeira
vez que um produto desta categoria é
embalado num tubo e vendido em cartucho. O
sucesso é tal que em 1930 os estojos
de batom dominam o mercado americano, trazendo
uma nova fase para o desenvolvimento destas
formulações. A morena Marilyn
Monroe usava maquilagem clara e pintava lábios
vermelhos intensos, atraindo e intensificando
sua feminilidade.
O maquilador americano Kevyn Aucoin conta
que em 1967, ainda criança, quando
confundiu a maquilagem branca -rosada intensa
de uma vendedora de cosméticos com
a aparência deixada pela aplicação
de loção de calamina. Esta mistura
de óxido de ferro vermelho e óxido
de zinco era muito usada, na época,
para aliviar o desconforto causado por picadas
de insetos. A ingenuidade de Kevyn levou-o
à comentar com a moça o quanto
ele estava penalizado por sua dor! Como resposta
deparou-se com um silêncio sepulcral,
que só foi entendido pelo menino quando
sua mãe, já a caminho de casa
explicou que se tratava de maquilagem e não
remédio... Na década de 70 as
cores de maquilagem tornaram-se populares,
acompanhando as coleções de
alta-costura francesa, italiana e inglesa.
Cada vez que um grande costureiro lançava
uma nova coleção de cores e
formas para as roupas, lá vinha um
tom de sombra específico para os olhos,
uma nova cor de boca. Dior, Chanel, Yves Saint
Laurent e todos os grandes fabricantes ousavam
e enchiam os olhos das mulheres de todo o
mundo com suas criações cada
vez mais tentadoras. E é no final da
década de 80 que entram em lançamento
as fórmulas evoluídas para cosméticos
pigmentados. Às beiras do novo milênio
finalmente entram em cena fórmulas
baseadas em tecnologia de vanguarda, cujo
uso garante propriedades bem interessantes
para nossa beleza, como proteção
solar, umectação e controle
do envelhecimento da pele.
Nos anos 90 a era do benefício visível
ganha importância vital. A haute couture
toma rumos inteligentes nesta nova era. Estilistas
ingleses de vanguarda como John Galliano e
Alexander McQueen vêm dar uma ventilada
nas conservadoras Dior e Givenchy, alterando
mais uma vez a história da moda & make-up.
Hoje podemos nos beneficiar do produto que
colore e trata a pele, limpa, perfuma e protege
os cabelos, como nunca antes na história
da humanidade. Yohji Yamamoto, Rei Kawakubo,
Helmut Lang e Ann Demeulemeester apontam para
uma nova era, a era da Beleza Inteligente,
onde cada ser possa encontrar seu equilíbrio
na roupa, no cheiro e na cor.
Finalmente, chegamos aos dias de hoje, onde a maquiagem é um item do dia a dia de várias mulheres, ou seja: TODAS SOMOS BRUXAS, GALERA, CHAMEM JOÃO E MARIA, PEGUEM OS ISQUEIROS, PREPAREM AS FOGUEIRAS PORQUE...
Graças à Deus essa época de preconceito contra a maquiagem já acabou!
Gostaram de saber um pouquinho mais sobre a história de algo tão importante no nosso cotidiano?
Kisses & Cupcakes'
*xoxo*
Faty'
S2
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