6 de outubro de 2015

Sopro de brisa de primavera


O vento sopra suavemente, balançando as folhas das árvores com delicadeza, deliciando a todos com seu toque macio e aveludado, ainda não mostrando toda a veracidade do calor que está por vir. A brisa da primavera, percebo, não me remete apenas à lembranças positivas, ou ao começo de algo novo. Depois de tanto tempo tentando entender o que se passava dentro de mim, fui pega pela ideia mais boba que poderia surgir, mas também a mais verdadeira: o vento é a representação mais pura da vida, dos sentimentos e também das lembranças.
Soprando sempre para lados opostos, lembrando decisões que precisamos tomar, trazendo aromas diferentes de acordo com seu caminho, lembrando as lembranças que temos de acordo com nossas experiências, sendo as vezes calmo e agradável, as vezes forte e destruidor, como todos os momentos da vida.
O vento, em todas as suas formas, é um fiel amigo, que está sempre ali, em todos os momentos, esperando a deixa certa para agir.
Depois de breve reflexão, penso que, depois de um tempo, até mesmo o rastro do vento deveria ser transformado em outro.
A brisa suave da primavera toca levemente minha pele, lembrando-me de sensações antes vividas, momentos bons, ruins, pessoas com quem convivi, sentimentos e ações não tão calorosos, lágrimas dolorosas e instantes, que, embora bons, não devem se manter congelados, emoldurados como a única forma de se conseguir um sorriso.
Embora fiel amiga e companheira, muitas vezes uma brisa pode ser cruel, e o mais suave de seus sopros pode gerar a mais terrível das tempestades nos olhos de alguém, com simples palavras revividas por segundos, que geram mais danos do que tornados e furacões.
A verdade sobre o sopro mutável do vento, é que assim como tudo na vida, ele não é exatamente concreto, e nunca devemos esquecer de que, hora ou outra, sua direção e intensidade muda, e aceitar não é nada além do correto a fazer.
Embora novas brisas de primavera lembrem-me de ventos de verões passados, espero que novos sopros delicados sejam sinais de novas esperanças, lembranças e sentimentos. Assim como o vento, a vida muda em uma constante onda de vendavais. Fechei os olhos, me deixei ir, como uma flor em direção à nova brisa de primavera.

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